Data: |
22.03.2001 |
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Tipo: |
Curso |
Assunto: |
Linux: Guia Foca GNU/Linux Nível Intermediário |
Por: |
Gleydson Mazioli da Silva |
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Capítulo 18: A Distribuição Debian GNU/Linux
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Este capítulo traz algumas características sobre a distribuição Debian GNU/Linux, programas de configuração e particularidades. A maioria dos trechos aqui descritos, também se aplicam a distribuições baseadas na Debian, como a Corel Debian GNU/Linux e a LibraNet.
Você deve estar se perguntando mas porque um capítulo falando sobre a distribuição Debian se eu uso outra?. Bem, a partir da versão Intermediário do Foca Linux existem algumas partes que são especificas de algumas distribuições Linux e que não se aplicam a outras, como a localização dos arquivos de configuração, nomes dos programas de configuração e outros detalhes específicos e esta versão é a baseada na Debian. Pegue na página do Foca Linux (http://www.metainfo.org/focalinux) uma versão Intermediário do guia específico para sua distribuição.
A Debian é a distribuição que mais cresce no mundo, cada versão é somente lançada após rigorosos testes de segurança e correção de falhas fazendo desta a mais segura e confiável dentre todas as outras distribuições Linux. É reconhecida como a mais segura, maior e atualizada mais frequentemente entre as outras distribuições Linux, além de ser a única sem fins comerciais.
É a única que adota o estilo de desenvolvimento aberto e não é mantida por uma empresa comercial (note que o endereço do WebSite da Debian termina com .org), ao invés disso é mantida por programadores, hackers e especialistas de segurança espalhados ao redor do mundo, seguindo o estilo de desenvolvimento do Linux. Possui suporte a mais de 10 arquiteturas e 15 sub-arquiteturas (entre elas, Intel x86, Alpha, VMS, Sparc, Macintosh (m68k), Power Pc, ARM, etc).
Suas atualizações são constantes e não é necessário adquirir um novo CD para fazer upgrades. Meu sistema é atualizado semanalmente e de forma segura através de 2 simples comandos. Veja apt, Seção 19.2 as instruções de como fazer isto.
Cada pacote da distribuição é mantida por uma pessoa, o que garante uma boa qualidade, implementações de novos recursos e rápida correção de falhas. Qualquer pessoa com bons conhecimentos no sistema e inglês pode se tornar um Debian Developer, para detalhes consulte a lista de discussão debian-user-portuguese (veja a Listas de discussão, Seção 29.12.2) ou veja a página oficial da Debian: http://www.debian.org.
A distribuição apresenta compatibilidade com outros sistemas a partir da instalação até a seleção de programas e execução do sistema, sua instalação está até mesmo disponível desde computadores 386 que utilizam unidades de disquetes de 5 1/4 polegadas até para computadores UDMA66 e com CD-ROM inicializável.
É a distribuição mais indicada para uso em servidores devido ao seu desempenho, segurança e programas úteis de gerenciamento e monitoração da rede, recomendados por especialistas que participam de seu desenvolvimento.
Não existem versões separadas da Debian para servidores, uso pessoal, etc, ao invés disso a distribuição usa perfis de usuário (dependendo da função do usuário) e perfis de computador (dependendo do que deseja fazer), podendo ser selecionado mais de um perfil de usuário/computador.
Os perfis selecionam automaticamente os pacotes mais úteis para a instalação. Os pacotes existentes em cada perfil foram escolhidos através de debates entre usuários que trabalham ativamente naquela área, resultando em uma seleção de pacotes de alta produtividade.
Para os usuários avançados e exigentes, também é possivel selecionar os pacotes individualmente via dselect, o que resultará em uma instalação somente com pacotes úteis e melhor configurada.
O número de pacotes existentes na distribuição atual da Debian (Potato - 2.2) é de 4350.
A Debian (como a Red Hat) usa um formato próprio para armazenar os programas: o formato .deb. Este formato permite a declaração, resolução e checagem automática de dependências, pacotes sugeridos, opcionais e outras características que o torna atraente para o desenvolvimento, gerenciamento e manutenção do sistema.
Estes pacotes são gerenciados através do programa dpkg (Debian Package) ou através de front-ends como o dselect ou apt (para detalhes veja o Sistema de gerenciamento de pacotes, Capítulo 19).
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- unstable
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Enquanto uma versão da Debian está em desenvolvimento, ela é chamada de unstable. Unstable não significa instabilidade, mas sim que a distribuição esta sofrendo modificações para se tornar uma versão estável, recebendo novos pacotes, etc.
Não use a distribuição unstable ao menos que tenha experiência no Linux para corrigir problemas, que certamente aparecerão.
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- frozen
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Quando o desenvolvimento da unstable chega a um certo nível de maturidade ela é congelada, sendo chamada de frozen. Frozen significa que não são aceitos novos pacotes (apenas correções) e o ciclo de testes e correção de bugs se focalizam intensamente nela para se tornar a futura stable. É considerado seguro usar a frozen após 1 mes de "congelamento".
Quando a unstable é congelada, uma nova unstable é criada (que é uma cópia da frozen atual) e se tornará outra futura distribuição Debian.
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- stable
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Quando todos os bugs da Frozen são eliminados, ela é lançada como stable, a nova versão Oficial da Debian.
A stable é o resultado final do desenvolvimento, das correção de falhas/segurança e que passou por todos os ciclos de testes para ser lançada. Resumindo é a distribuição pronta para ser usada com toda a segurança.
A instalação da distribuição pode ser obtida através de Download de ftp://ftp.debian.org/debian/dists/stable/main/disks-i386 (para Intel x86), seus programas diversos estão disponíveis em ftp://ftp.debian.org/debian/dists/stable/main/binary-i386.
A distribuição também pode ser obtida através de 3 (ou 4) CDs binários.
Os arquivos de inicialização da distribuição Debian (e baseadas nela) estão localizados no diretório /etc/init.d. Cada daemon (programa residente na memória) ou configuração específica possui um arquivo de onde pode ser ativado/desativado.
Por padrão, você pode usar as seguintes palavras chaves com os arquivos de configuração:
- start - Inicia o daemon ou executa a configuração
- stop - Interrompe a execução de um daemon ou desfaz a configuração feita anteriormente (se possível).
- restart - Reinicia a execução de um daemon. É equivalente ao uso de stop e start mas se aplicam somente a alguns daemons e configurações, que permitem a interrupção de execução e reinicio.
Por exemplo, para reconfigurar as interfaces de rede do computador, podemos utilizar os seguintes comandos:
cd /etc/init.d
./networking restart
Os Níveis de execução (run levels) são diferentes modos de funcionamento do GNU/Linux com programas, daemons e recursos específicos. Em geral, os sistemas GNU/Linux possuem sete níveis de execução numerados de 0 a 6. O daemon init é o primeiro programa executado no GNU/Linux (veja através do ps ax|grep init) e responsável pela carga de todos daemons de inicialização e configuração do sistema.
O nível de execução padrão em uma distribuição GNU/Linux é definido através do arquivo de configuração do /etc/inittab (Arquivo /etc/inittab, Seção 25.27) através da linha
id:2:initdefault:
Os nível de execução atual do sistema pode ser visualizado através do comando runlevel e modificado através dos programas init ou telinit. Quando é executado, o runlevel lê o arquivo /var/run/utmp e adicionamente lista o nível de execução anterior ou a letra N em seu lugar (caso ainda não tenha ocorrido a mudança do nível de execução do sistema).
Na Debian, os diretórios /etc/rc0.d a /etc/rc6.d contém os links simbólicos para arquivos em /etc/init.d que são acionados pelo nível de execução correspondente.
Por exemplo, o arquivo S10sysklogd em /etc/rc2.d, é um link simbólico para /etc/init.d/sysklogd.
O que aconteceria se você removesse o arquivo /etc/rc2.d/S10sysklogd? Simplesmente o daemon sysklogd deixaria de ser executado no nível de execução 2 do sistema (que é o padrão da Debian).
A Debian segue o seguinte padrão para definir se um link simbólico em /etc/rc[0-6].d iniciará ou interromperá a execução de um serviço em /etc/init.d, que é o seguinte:
- Se um link é iniciado com a letra K (kill), quer dizer que o serviço será interrompido naquele nível de execução. O que ele faz é executar o daemon em /etc/init.d seguido de stop.
- Se um link é iniciado com a letra S (start), quer dizer que o serviço será iniciado naquele nível de execução (é equivalente a executar o daemon seguido de start).
Primeiro os links com a letra K são executado e depois os S. A ordem que os links são executados dependem do valor numérico que acompanha o link, por exemplo, os seguintes arquivos são executados em sequência:
S10sysklogd
S12kerneld
S20inetd
S20linuxlogo
S20logoutd
S20lprng
S89cron
S99xdm
Note que os arquivos que iniciam com o mesmo número (S20*) são executados alfabeticamente. O nível de execução do sistema pode ser modificado usando-se o comando init ou telinit. Os seguinte níveis de execução estão disponíveis na Debian:
- 0 - Interrompe a execução do sistema. todos os programas e daemons finalizados. É acionado pelo comando shutdown -h
- 1 - Modo monousuário, útil para manutenção dos sistema.
- 2 - Modo multiusuário (padrão da Debian)
- 3 - Modo multiusuário
- 4 - Modo multiusuário
- 5 - Modo multiusuário com login gráfico
- 6 - Reinicialização do sistema. Todos os programas e daemons são encerrados e o sistema é reiniciado. É acionado pelo comando shutdown -r e o pressionamento de CTRL+ALT+DEL.
Por exemplo, para listar o nível de execução atual do sistema digite: runlevel. O runlevel deverá listar algo como:
N 2
Agora para mudar para o nível de execução 1, digite: init 3. Agora confira a mudança digitando: runlevel. Você deverá ver este resultado:
2 3
Isto quer dizer que o nível de execução anterior era o 2 e o atual é o 3.
É o sistema para relatar bugs e enviar sugestões sobre a distribuição. Para relatar um bug primeiro você deve saber inglês (é a lingua universal entendida pelos desenvolvedores) e verificar se o bug já foi relatado. O Debian Bug tracking system pode ser acessado pelo endereço: http://bugs.debian.org.
Para relatar uma falha/sugestão, envie um e-mail para: , com o assunto referente a falha/sugestão que deseja fazer e no corpo da mensagem:
Package: pacote
Severity: normal/grave/wishlist
Version: versão do pacote
E o relato do problema
O bug será encaminhado diretamente ao mantenedor do pacote que verificará o problema relatado. Os campos Package e Severity são obrigatórios para definir o nome do pacote (para endereçar o bug para a pessoa correta) e versão do pacote (esta falha pode ter sido relatada e corrigida em uma nova versão).
No endereço ftp://ftp.debian.org. Outros endereços podem ser obtidos na página oficial da Debian (http://www.debian.org) clicando no link Download e mirrors.
A distribuição Potato (2.2) completa, com 4350 pacotes ocupa em torno de 2.0 GB, (equivalente a 4 CDS de pacotes e mais 2 se quiser o código fonte). Você também pode optar por fazer a instalação dos pacotes opcionais via Internet através do método apt. Para detalhes veja o guia do dselect ou envie uma mensagem para a lista de discussão (veja a Listas de discussão, Seção 29.12.2 para detalhes).
Esta seção contém uma lista de pacotes necessários que atendem a maioria dos usuários normais da Debian em um sistema padrão sem desperdício de espaço e sabendo exatamente o que está instalando.
Estou assumindo que você concluiu a instalação da Debian 2.2 (Potato) mas preferiu pular o passo de seleção de pacotes do dselect e fazer uma instalação manual.
A lista de pacotes está dividida por categorias e você precisa ter o programa apt configurado corretamente para que os comandos funcionem (veja a apt, Seção 19.2 para detalhes).
Se pretende usar a lista de pacotes para fazer a instalação da Debian em muitos computadores, você tem duas opções:
- Copiar o conteúdo das seções que seguem e fazer um script de instalação personalizado para automatizar a instalação de pacotes da Debian em outras máquinas
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Após a instalação dos pacotes no computador, utilize o comando dpkg --get-selections >Lista-Pacotes.txt para gerar o arquivo Lista-Pacotes.txt contendo a lista de pacotes instalados.
Então no computador que pretende fazer a instalação de pacotes, use o comando dpkg --set-selections e então digitar apt-get -f install ou escolher a opção Install no dselect.
Para mais detalhes veja a Mostrando a lista de pacotes do sistema, Seção 19.1.11 e a Obtendo uma lista de pacotes para instalar no sistema, Seção 19.1.12. É importante usar o comando apt-get clean após a instalação de pacotes para remover os pacotes baixados pelo apt de /var/cache/apt/archives (exceto na instalação de pacotes através do disco rígido local).
apt-get install cpio info libident libncurses4 man-db manpages whois nvi
hdparm mc exim linuxlogo less kbd mutt libstdc++2.8 bzip2
isapnptools cron gpm libstdc++2.9-glibc2.1
apt-get install perl, gcc-i386-gnu libc6-dev bin86 make
Se pretender utilizar o kernel-package para compilar o kernel mais facilmente, então você precisará dos seguintes pacotes:
apt-get install kernel-package dpkg-dev
Veja a Recompilando o Kernel, Seção 16.11 para entender como compilar seu próprio kernel.
apt-get install xbase xbase-clients xf86setup xfonts-75dpi xserver-svga
xterm xfs-xtt xdm
Caso suas fontes sejam mostradas em tamanho exagerado, remova o pacotes xfonts-100dpi ou ajuste a seção Files do arquivo /etc/X11/XF86Config apropriadamente.
apt-get install wmaker wmakerconf wmaker-data wmavload
eterm enlightenment enlightenment-theme-bluesteel asclock
afterstep
OBS: Existem outros excelentes gerenciadores de janelas como o gnome, se você tiver espaço em disco...
apt-get install lprng magicfilter gs gsfonts
xmms playmidi cam aumix libaudiofile0 libmikmod2 libesd0 mesag3+ggi xmcd sox
apt-get install xchat licq licq-data netscape fetchmail procmail mime-support
apt-get install gimp gimp-nonfree gedit gxedit abiword freefont sharefont
type1inst
apt-get install finger, talk, talkd, telnet
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Versão 4.70 - 6 novembro 2000
Gleydson Mazioli da Silva
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